Inquérito
Artesanato Eletrônico 2.0
Letra de "Artesanato Eletrônico 2.0" com Inquérito
[Interlúdio - Poesia: Renan]
Tungstênio é treta, guenta o tranco
Bala de fuzil, broca, lança, armamento, explosivo
Foguete e até nas aliança num perde o brilho
A bolinha da ponta da caneta é de tungstênio também
E me ajuda a desenrolar as ideia
[Verso 1]
Isso é um beat vazio com um MC cheio de letra
É um rap, é um trap com chumbo na caneta
Marreta, guindaste, cruz, tonelada
Ou qualquer outra palavra pesada (pesada)
Réu confesso, rap adicto, convicto
Seis disco invicto, não MC eucalipto
Que cresce rápido e só empobrece nossa terra
Em três anos já era motosserra
Eu vim pra ver a paz em cada sem-blante
Cantar e bota fogo no baguio sem blunt
Coxinhas não entendem, não, não consegue entender
Que nóis já era esquerda bem antes do PT
Sem essa de partido, sempre fomo inteiro
O rap é livre, zé povinho que é carcereiro
E se você começou ontem a tarde
Vai dar um Google ver o que é uma Garrard
[Verso 2]
Dou nó na gravata ao nó na garganta
Mentiras que vendem domingo nas banca
Ódio self-service, amor fast food
Heróis fabricados, made in Hollywood
Da maçã da Eva pra maçã da Apple
Viva o pão e circo, novela e boteco
Protesto de plástico, revolta tão rara
O medo é o imposto que ninguém declara
No país da delação premiada, escuta telefônica
Obra superfaturada, faraônica
Qualquer partido faz o PCC parecer Turma da Mônica
E nóis tá dend’água tipo alface hidropônica
Tem gente morrendo se desesperando
E o que eles fazem socorrem os bancos
A imprensa imprime a jato de sangue
E recarrega os cartucho a cada bang, bang
[Verso 3]
Eu sou um Pé de Cabra às três da madrugada
Na porta da biblioteca que vive trancada
Sou um livro no fundo da sala, no fundo da escola
No fundo duma quebrada, no fundo do país
Onde professor da aula sem ter lousa e nem giz
E aposentaria é privilégio de juiz
A salvação é uma imagem na estante
Jesus virou marca de refrigerante
Sou metamorfose ambulante, contradição
Um sarau no meio da terra da Festa do Peão
Bancada por alguma marca de cerveja
Velando a finada, música sertaneja
Sou favela vive enquanto os playboy morre
Gastando a herança com coca, puta e porre
O bem e o mal, o trágico e o cômico
O velho e novo artesanato eletrônico