Gal Costa
Milagres do Povo
Quem é ateu
E viu milagres como eu
Sabe que os deuses sem deus
Não cessam de brotar
Nem cansam de esperar
E o coração
Que é soberano e que é senhor
Não cabe na escravidão
Não cabe no seu não
Não cabe em si de tanto sim
E é pura dança e sexo e glória
E paira para além da história
Ojú Obá ia lá e via
Ojú O-Bahia
Xangô manda chamar
Obatalá guia
Mamãe Oxum chora
Lágrimalegria
Pétala de Iemanjá
Iansã Oyá ria
Ojú Obá ia lá e via
Ojú O-Bahia
Obá
É no xaréu
Que brilha a prata luz do céu
E o povo negro entendeu
Que o grande vencedor
Se ergue além da dor
Tudo chegou
Sobrevivente num navio
Quem descobriu o Brasil
Foi o negro que viu
A crueldade bem de frente
E ainda produziu milagres
De fé no extremo ocidente
Ojú Obá ia lá e via
Ojú O-Bahia
Xangô manda chamar
Obatalá guia
Mamãe Oxum chora
Lágrimalegria
Pétala de Iemanjá
Iansã Oyá ria
Ojú Obá ia lá e via
Ojú O-Bahia
Obá
Quem é ateu