Xamã
Geração Wi-fi
Pra geração wi-fi

Entre o solo rachado e o sol forte
A bússola aponta pra tudo no mundo, menos pro norte
Entre o escudo da fé e o golpe de sorte
O mártir: acredita na causa e luta até a morte

Entre o sândalo que perfuma o machado sendo condecorado com o mais profundo corte
Desavença faz parte, mano a mano é esporte
Um olhar se desviou e reparou só no decote

Então mãos a obra
A solidão do holofote, chocalho e o bote da cobra
Ao pedir uma genebra fiz um banquete de sobra
O coração faz batida! O freestyle da vida é sem dobra

Mas eu creio
Na mãe que também é pai, coça o saco e dá o seio
Entre o receio e a absoluta certeza
O fim chegou antes no meio
Botei as cartas na mesa
O espírito santo, filho, pai, a mãe natureza

E há quem diga
Que a maçã de Adão e Eva é a tentação da cinta liga
O doce que amarga a boca, a sensação que te mastiga
Entre botar a carne no prato ou comprar um Nike ou Adidas
A princesa do papai é a mais puta das tuas amigas
A geração wi-fi em maus lençóis
Monte de corpos cobertos
Com o tempo retornam ao pó e ser paisagens no deserto
Uma oração pra amolecer meu coração de concreto
Se eu cair no chão, me cato, você ainda vai me ver no teto
Pra geração wi-fi: Z.O, nem mais um passo
Pra não ser vitima dos estilhaços
Abaixou pra pensar na vida ou pra amarrar o cadarço

No caminho de ida e vinda, inevitável os embaraços
O excesso de ignorância marca presença
O olhar nem sai da frente, esqueceu de pedir licença
Ou nem pensou em pedir, pra somar e medir as diferenças
Ignorância nossa achar que essa arrogância é de nascença

E eu perdido, no muro estoco meus ouvidos
Pais deles são heróis enquanto de mim são bandido
Se penso logo existo, existo incompreendido

Dedo na cara do sócio
Amigos?
Não, são só negócios
E abraços falsos
Braço dessincronizado
Protesto destrava a 12 tem sempre que ta ligado
O efeito é desencadeado
Neguin quer tanto ver o horizonte, e não enxerga o próximo ao lado
Nas costas do Cristo
Pra geração wi-fi
Vamo pra rua viver o rap!