[Verso 1: Split]
São muitos anos que eu conto, quantos contas tu?
Conto com três sem o amor que desconto só num
É um conforto sufocante que me deixa expectante
Mas porque é que eu espero tanto mano?
Acho que não peco tanto
Algumas recordações mantêm o clima quente
Só que sem aquecimento, há calor mas é diferente
Elas mantém acesa a chama, só que eu não cesso
E processo de forma a que só haja acesso à cama
É sexo, não é mais nada
Só copos, excitação, sem modos na exploração
Dois corpos, um coração, dois clones na produção
Ciclones e terramotos, há mortos - esperma no chão
Votos de quem perde a tesão, e volta a ganhar noção
Que isto é só sexo sem nexo, ou associação
'Tou perplexo, presta atenção, pensa e imagina são
O que vai nesta imensa imaginação -
Uma entrega intensa sem obrigação
Quebra a ligação, 'tás indignada
Já vi tanta guerra que já nem digo nada
Encerra a sedução e berra p'ra chamada
Disseste a palavra certa, é esperta mas
Com a postura errada entro e saio do meu corpo
Estou à procura d'um conforto que desde há muito não encontro
Ela não me acalma, isto não é fogo, é uma brasa que me abrasa
Abraça-me o fôlego e queima-me a alma
[Refrão: André dos Santos & Rui Rosa]
Seja com ou sem sentido, nem sempre o amor interessa
Sentido ou não, verdade ou falsa promessa
Mas às vezes acontece paixão que enlouquece
Seja sentido ou não, ilusão ou eterna prece
[Verso 2: Dez]
Tento sentir-te fortemente, mas não sou forte de mente
Eu quero uma dama forte que me conforte sempre
Ainda me encanto com o tempo passado
Mesmo passado tanto tempo
No entanto tento desfrutar do momento
Já fiquei de rojo, arrastado no desgosto
Sou um moço que acorda com a corda ao pescoço
Sufocado p’lo tempo que o tempo trouxe
Felizmente mudei de posto, precisamente o oposto
A minha suposta mente aposta no teu gosto
Supostamente serei o suposto
O interessante na gente é que o interesse não te trouxe
Tenho interesse no presente, não interessa o que foste
São falhados os meus atos ou sou eu que sou falhado?
De facto não sou de usar laço e fato
Mas faço um pacto ou contrato
Não posso mudar-te mas vou tratar-te sempre como trato
Vou estar a teu lado com o tacto
Porque mais importante que a palavra é o contacto
Eu admito não sou cobarde
Não sou rico não vou comprar-te
Fico bonito para agradar-te
E se te recito a minha arte é porque a sinto a agarrar-te
E por um segundo ficamos num mundo à parte
Tipo Marte, sinto amar-te
[Refrão: André dos Santos & Rui Rosa]
Seja com ou sem sentido, nem sempre o amor interessa
Sentido ou não, verdade ou falsa promessa
Mas às vezes acontece paixão que enlouquece
Seja sentido ou não, ilusão ou eterna prece
[Verso 3: xtinto]
Afundo-me sem noção nesta música melancólica
Tive em ti uma visão duma criação utópica
Há a “lógica do senão” senão tu nem eras lógica
Vi em ti perfeição e perdi a noção da órbita
Só que tu vens ao meu prédio e já é tanta brasa
Que eu tenho a cabeça a prémio tipo Jogos Santa Casa
'Tou a falar a sério, ou 'tou na rua ou 'tou em casa
Mas segundo o teu critério, 'tou na lua tipo a NASA
Baza, eu sei que tudo o vento leva
Mas a saudade fica apesar deste tempo de merda
E eu vou lento na queda
E eu 'tou mesmo naquela
Fase em que bebo e escrevo e tento ver-te à janela
Mas vi-me a ser lançado nas batidas e rimas
E por uma vez eu ri, mas vinhas à baila nas entrelinhas
E me entretinhas nas minhas linhas em que tinhas
Falinhas mansas, fazias tranças
E eu em transe enquanto danças
E eu num canto lá te manco as ancas
Fico tão panco, em branco
Quero falar tanto e tenho brancas
São pancas e às tantas há tantas assim
Enfim, eu só te consigo ver a ti
[Refrão: André dos Santos & Rui Rosa]
Seja com ou sem sentido, nem sempre o amor interessa
Sentido ou não, verdade ou falsa promessa
Mas às vezes acontece paixão que enlouquece
Seja sentido ou não, ilusão ou eterna prece