[Interlúdio]
Há tempos eu venho pensando que
Eu poderia ser a voz de várias pessoas
Talvez pelo fato de minha história
Ser um pouco complexa
E eu acredito que a sua história
Não seja tão simples assim
Que você não possa me entender
Sintetizando, eu acredito que você
É a pessoa que mais pode te aceitar
Dentro da sua história
Ninguém vai conseguir te aceitar
Mais do que o quanto você se aceita
E, se ao menos quiser o respeito das pessoas
É necessário que você se faça entender
Eu, Rico Dalasam, de 89, julho, dia 22
[Verso 1]
Tem dia que eu tô no manto
Tem dia que eu tô de canto
Tem dia que eu faço o certo
Tem dia que eu faço o santo
Tem dia que eu falo sério
Desvendando os mistérios
Tem dia que eu tô no corre
Tem dia que eu sigo solo
Tem dia visto Prada
Tem dia que eu visto Polo
Tem dia que eu quero o rio
Tem dia que eu quero frio
Tem dia que a chapa esquenta
Tem dia que o misto é frio
Tem dia que eu peço tudo
Tem dia que eu só recebo
Tem dia que não durmo
Tem dia que acordo cedo
Tem dia que eu faço hit
Tem dia de sinusite
Tem dia que eu tô com os caras
Tem dia que eu tô com Nietzsche
Tem dia que eu sou Corinthians
Tem dia que eu sou Flamengo
Tem dia que é pouca ideia
Tem dia que rola um dengo
Tem dia que é Ipanema
Tem dia que é outra trip
Tem dia que eu tô no santa
Tem dia que eu tô com gripe
Tem dia e todo dia ainda será cansativo
E em cada um desses dias eu vou lembrar os motivos
Eu vou lembrar os motivos
[Verso 2]
Não danço porque não tocam
Se eu falo é porque provocam
Se eu vingo é que Deus me nota
Se eu brigo é que prezo a roda
Se eu sonho é que ainda vivo
Se eu vivo é que ainda sonho
Se calo é sabedoria
Se convenço é porque proponho
Se perderam minhas rédeas
É porque eu não faço média
Se comigo as coisas dão certo
É porque eu aprendi a ser flecha
Se eu não gosto de distintivo
É porque me abordaram sem motivo
Se ainda tô vivo
É porque tive juízo
Se eu não beijo ninguém
É por que espero um alguém
Se demorar dá angústia
Tô bem, se sei que tu vem
Se não rolou saideira
É por que eu saio à francesa
Se tá moiado eu já falo
Trazendo aquela franqueza
Se ajoelho prostrado
É porque tenho fraqueza
E se levanto na segunda
É porque eu não tô pra moleza
Eu não tô pra moleza