Verso 1
Nada complexo, é sobre metrô
Com circunflexo,desculpa,sou disléxico
Ponto de embarque Tucuruvi
Começa por ai,o tempo é diferente por aqui
Vou correndo pra estação,atrasado,mô milhão
Esse cheiro tentação,tio aceita prestação? – Não
Sem cash pra comer,pra me locomover
Meu bolso sem dinheiro,já até se tornou clichê
Eu sou só um cidadão médio, pareço um pouco médium
Vendo o passageiro certo,e qual banco vai sair
E os veio indo pro médico,com problema ortopédico
Cruza com os que não é ético
“Hm,é hora de dormir”
E eu aqui do meu lado,um lado fone quebrado
Vеndo os mano prateado,faz a gente rеfletir
“É sério mano,afinal qual é seu plano?
Cê sonha trampar num banco
Ou bancar pra ser mc?”
Refletiu no vitrô
Um irmão que falô
Não robô,não mato
Fez-se então camelô
No metrô,tem Doutor,redator
Professor,cuidador,inspetor
Até trabalha labrador
O aviso então apita cruzam-se outras linhas
Josés,Maria e Ritas,de Naiorobi ao Piaui
Criança de laço e fita,uns loco de chá de fita
Gente aflita com essas fita,muita fita por ai
Desabafam diaristas,sobre conversas não ditas
Dá patroa que é racista,da raiva que é resistir
Tem Pastor que tem premissa,que condena e fiscaliza
Mas que distante da vista,tem suas coisas pra omitir
Uns chamam de guri,outros de piá
“Tem pedinte no metrô,foco no seu celular”
Tem quem nem pede licença pra passar e desembarcar
Tem quem nem pede licença pra na sua vida passar
Chega pra tomar seu ar,te levar pra outro lugar
Corpo tem seu linguajar,é melhor não disfarçar
Cruzam-se olhar com olhar e eu assisto de terceiro
Tem paixão que é assim mesmo, desembarca pelo lado esquerdo
Verso 2
Estação Tucuruvi: Sempre sobe um MC
Estação Parada Inglesa: Nilza nunca tem mesa
Estação Jardim São Paulo: Vou da Nilza pro Mauro
Estação Santana: “Promoção da semana”
Estação Carandiru: “Subiu dois Urubu
Estação Tietê: Cena triste de ver
Estação Armênia:
Os caras nunca tem pena,deixa bico nem pena
Os bico fica de antena,num vale a pena
Passa essa cena que cê vê ai
Ser feito de palhaço pra Zé povo aplaudir
Almoçam sua janta,breca gente que trampa
Ainda tem tio que explana,puta ação desumana
Eu to putô!
Final de contas era o meu lucro
Num é faz de contas,a vida do outro lado do muro
Quem paga a conta de quem paga a conta do mundo
Poço ainda é mais fundo,cresce a todo segundo
Verdade seja dita,gostem eles ou não
Maldita frustração,maquina de vilão
Chegou na Luz meu mano,essa é minha estação
Faço baldeação,prazer satisfação