[Letra de "Castelo de Lata"]
[Intro]
Bom dia guerreiros, bom dia guerreiras
Custa muito pegar nos problemas do povo, e vender ao povo
Nós já sabemos quais são as nossas dificuldades
Mas também me custa olhar
Para a minha mãe, para o meu pai
E não dizer nada
Tenho que dizer alguma coisa
[Verso 1]
'Tá cada vez mais difícil
Não ser um bajulador
’Tá-se a tornar impossível
Essa vontade de roubar
'Tá-se a tornar invencível
E o medo tá-se a tornar invisível
Será que um gajo 'tá a ficar insensível?
Roubo ou morro de fome?
Isso nem é discutível
E a vida cada vez menos acessível
Agora não temos arroz
Por causa do combustível
Como é que vamos ter sonhos de ser pilotos?
Se os sonhos voaram e os nossos heróis estão todos mortos
E o nosso passado todo torto
E no nosso presente mais abortos
P’ra quê ter filhos sem ter como sustentar?
P'ra quê falar de livros, sem carteiras p'ra sentar?
O país não pode ser rico, se a riqueza é só tua
Como é que vamos ter hotéis
Se ainda dormimos na rua
[Refrão]
Que os nossos sonhos não morram
Num castelo de lata (de lata, de lata)
Porquê fugir da morte
Se essa vida nos mata (nos mata, nos mata)
Não é justo quem semeia amor
Só colher desgraça (desgraça, desgraça)
Então que deus proteja o meu castelo de lata (de lata, de lata)
[Verso 2]
P'ra quê estudar
Se nem temos emprego
Como descansar
Se nem temos sossego
Quer dizer, alguns de nós
Até têm emprego
Mas ninguém fala de salários
Até parece um segredo
'Tá atrasada tanto tempo
Eu já nem sei se chega
E quando chega não é suficiente
Nunca chega
É muita perda
Muita queda
Sem esperança de vitória
A luta é incerta
Nos enganaram com
Fatos e gravatas
E comeram o nosso dinheiro
Com garfos, e essas facas todas
E agora sem essa paca toda
Lá se foram as vacas gordas
Até parece que, o povo é que estraga
Agora não há dinheiro
E o povo é que paga
Tantos castelos de lata na cidade
Queres o povo feliz?
Vende o teu castelo de verdade
[Refrão]
Que os nossos sonhos não morram
Num castelo de lata (de lata, de lata)
Porquê fugir da morte
Se essa vida nos mata (nos mata, nos mata)
Não é justo quem semeia amor
Só colher desgraça (desgraça, desgraça)
Então que deus proteja o meu castelo de lata (de lata, de lata)