[Verso 1: Praso]
Dá-me liberdade
Nem que seja para escolher não tê-la
Já vi muitos caminhos
E eu vou sempre pela escolha que mais me atropela
Já vi a novela
Presunção e ganância afasta a clientela
Dizer que a vida é bela
E um gajo fica naquela
Ou fica na nossa, ou fica no canto
Onde fez menos mossa
Já provei o ciúme dela
Cinderela acabou descalça
Saiu de casa depois da hora
E voltou sem perfume
Será que fez bem?
Será que fez mal?
Fugir da vida sem tempero
À procura de sal
Sê bem-vinda à praga
Onde a inocência se estraga
Quando o passado não te larga
E o futuro se embarga
Já vi
Aguento a carga, eu vim deixar a marca
Num beat ou numa cabra
Senão o beat acaba
[Verso 2: Subtil]
Hoje não se olha a meios
Para atingir fins
Mas eu sigo os carris
Mesmo sem ter aquele giz
Para ser feliz
Para ser ou ter aquilo que sempre quis
Eu sempre fiz
Tudo ao contrário do que se diz
Até ser presente a juiz
Respondi pelo que fiz
Provas de reconhecimento
Vi-te espelhado num arguido
Chefe do posto todo contente
Noite de Oura
Confusões com hooligans
Gangues de 30 bacanos
Conheço manos que falam bué
Mas isso já é de há muitos anos
E os invejosos querem-me ver
Com o meu corpo no espeto
O mau olhado é tanto
Que faço questão de dormir com um gato preto
Uns estão com fome, eu com sede
Escrevo logo de manhã cedo
Acalma a raiva com esse paiva
Não tentes ligações com a rede
Não foi só o crescer rápido
Ou o hábito de lidar com a merda
Tudo o que é sistemático
Traz uma tática ou uma regra
O problema não é matemático
Muitos dizem que é da terra
Não nasci no sítio certo
Mas a minha tropa nega
[Verso 3: Montana]
Não, não, querida eu tenho tudo
Mas não tenho nada
Então eu dou-te o tudo
Mas não te dou nada
Contenta-te com pouco
Terás o mundo a teus pés
Eu e tu, cabelos brancos e bebés
Antes amor e uma cabana
Hoje sexo e uma casa
Antes eram tudo
Hoje em dia tudo cabra
Todos queremos que a porta abra
Mas a fechadura é mais dura
E mais escura quando nascemos sem nada
A minha vida era uma miúda
Agora é uma puta, mas fina
Saiu da esquina
Rebobina quem te ensina
Raciocina aquilo que eu digo
Quem liga, incrimina
Telefone, nosso inimigo
Eu sei que o meu rap nunca será o teu preferido
Porque tu não percebes metade do que eu digo