Sam The Kid
Pleno
[Letra de "Pleno"]

[Verso 1]
Mesuro o espaço pleno em som baço que embala o ceno
Um abraço da criação sem escasso poder regente
Aceno
Reminescente apresso a psiquê, a qual desprendo
Deambulo em correntes que jamais me prenderão
Se assim ondulo em ventos as rosas não viverão
Olho da razão, de dia amplo, à noite tranco-o
Confins de Hel em canto
Porque a mim não viram vão
(convidam os que não vingam)
Corpo assente ao solo e esse trémulo
Compor célere fez-me efémero
Furúnculo imediato após a febre
Interno-me
Contacto o pensamento de cortar contentamento
E o contratempo chega a tempo
Pego no som puro e fica dor
O que é impuro cria cor
Que eu procrio e emano, odor
Sou um purificador

[Refrão]
O tempo é o teu tapete, não o sujas com veneno
Passado são ruínas mas segue o teu plano
Presente é semblante, o Futuro o teu Eu pleno
Atua e torna ténue essa dor que só te prende
[Verso 2]
Faz por ser pequeno
Faz por ser pleno
No nada da existência todo oposto é ilusório
Quero tudo o que não vejo, oculto em vulto e meio
Pelo fundo trotei, em inquietude a fonte eu fecho
Medo do que escrevo, rima é efeito placebo
Assim enganei a sede, são lágrimas que bebo
Engravido Minerva e renasce arte mimética
Evito arte sem métrica mas som arde-m'a estética
A cada luto evado-me e divago em tectónicas
Catapulto o mundo p'ra uma urna cósmica
Pen Game em vulto, aqui nunca ergonómica
Digito um versículo se atuo e me discípulo
Aljube do orgulho: se me solto evolúo
Porque assim envolto incluo 'no clue' no que possuo
Pressinto isso, só friso, entre o cardio e a mente fluo
Vínculo único, findo o erudito e o lúdico
Vim me colonizar meticuloso e meti-me um colosso
Um flexíloquo ente, flexo elo eloquente
Flash, vim cadente
Éolo, vim cá dentro só p'ra fazer vento
Em pouco rio fervo, enfio-te o ferro a seco
Prefuro a fonte, é fogo, flamo-escrita
Fiz-me insano e posso vir dar vida e queimar vinha
Moço, duvidar vinha, viro a vila em esgrima
Caos convinha contudo contive o vinho e dei na escrita
A minha uva mergulha em rio que borbulha
Assim uso a agulha e rebento a bolha dúbia
Rejubilo ao relento em lamentos de um mar de além
Se sibilo surge o vento, não o sei e sei-o bem
Não ensaio e saio sem desejo de estar aquém
É o que vejo quem me move, por mais que o laço ilude
A cada traço englobo um fraco pedaço em tudo
Acabo o crasso enredo, com o que aqui desfaço eu mudo
[Refrão]
O tempo é o teu tapete, não o sujas com veneno
Passado são ruínas mas segue o teu plano
Presente é semblante, o Futuro o teu Eu pleno
Atua e torna ténue essa dor que só te prende

Sê um ente teu e plana, procura ter em frente
Um caminho e sê ciente, no fundo quem sente, sente
Seguro a arte, enceno nem que a dor esteja presente
Mas sem concentração não me entendo a cem por cento
Em cena
Remanescente afeto à psiquê a qual me reste
Crio escrita mudo, num instante eu refraseio
Asseio a fragrância desse inconstante anseio
De querer ser grande em versos
Assim como em desenhos mas
Em importância acudo, no que não a faz eu freio
Tudo o que faço ou planeio nem a uma metade veio
Ganho espaço e trovejo, fecho-me até tarde e vejo
Pretexto pra um desejo de isto ser tudo um bocejo
Disto do que vejo, invisto tudo em arranjos
Diletante nisto? Talvez minto, digo-te antes
Ativismo artístico no fim é só propaganda
A realidade é mais real que os teus versos em banda
Fluxo oratório no fólio do meu espólio
Simpósio samuelino, miragem lírica aprumo
Com o "Pódio" invoquei auto reflexão perene
Composto com um feiche ténue de Luz que induz o cerne
Mais que um Turrell reluzo e recuso o olho ingénuo
Coronel da Luz, recluso no Fuso Horário Luso
Infortunado aquele que só vê estética
Vê como fui tornado uma fonte de Luz frenética
Se convido a minha ética eu indago em linha reta e com cataterismo impeço cataclismo em versos
O que entendeste é perto do que induz incerto
Só compus inerte, que um capuz completo
Nunca o pus, confesso