[Letra de: "Sangue"]
[Verso]
Entra na porta e sente o obscuro anonimato
Compreende o presente e atua no momento exato
Não ambiciono um trono, não quero nem tenho dono
Sei que estou a dormir, mas não consigo sair do sono
Identidade oculta, mentalidade adulta
Não quero a consulta, comigo não resulta
Tens um segredo importante? Então diz-mo
Quero a solução para não cair no abismo
O mundo está a ver tudo fica de olho atento
O fundamento é falado num argumento
O que é que é especial, o que é que é normal?
Falam demais e a expectativa já não equivale
Maturidade gradual desde o início
Fixa-te no real, manda fora o artifício
O ódio é a praga humana, o amor está extinto
E eu 'tou perdido neste labirinto...
É o que eu sinto...
É o que eu sinto...
Tenho muitas cartas, mas não tenho nenhum trunfo
Existem muitos contras para ter o tal triunfo
Vejo o tempo a passar e uma pessoa a sujeitar-se
Tens de ser tu próprio, nunca vivas num disfarce
E o regresso é feito num discurso visionário
Todo o sucesso é temporário
Toda a gente tem talento, qual é a arte que dominas?
Inova e constrói, nunca a metas em ruínas
Frontalidade é importante, caga na ameaça
Mas conta com aquilo que te ultrapassa
Palavra passa, às vezes toca, às vezes não fala
Quando ela é de graça é que é tipo uma bala
Que atravessa a mente como se fosse uma seta
Palavra infecta quando alcança a sua meta
Não brinques com isto, porque isto é coisa séria
Antes de falares primeiro estuda a matéria
Julgamentos improvisados sem sequer ter veredictos
Socos e gritos (ah!), ninguém vai parar os conflitos
É tipo um desfile, quem é que é imbecil?
Quem é que representa a delinquência juvenil?
O sangue que se derrama, já galaste o panorama?
Uns fazem pelo respeito, outros pela fama
Tu queres um drama? Então aluga um movie
E sabes que esta merda nunca foi nem é novi-
Dade e tu fica à vontade
Não queiras ver a vida atrás de uma grade
Toda a tribo tem um chibo e tens de contar com isso
Porque é que o juiz é metediço?
Pensa no que vem, a sensação futura
Foca-te no tempo e cria uma estrutura
Sentimentos entregados nunca são avulso
E por favor respeita o sangue que tu tens no pulso
[Outro: Avô do Sam the Kid]
Ouve lá, ó Samuel, tu metes me em cada alhada
Vamos lá a ver como é que eu consigo (não consegue) fugir desta enrascada
Eu já tive a tua idade, e tu para aqui virás
Na altura não havia tanta vaidade, porta-te bem, meu rapaz
Não gostas de me ouvir? Não fiques com essa cara bonita
Porque, para mim, seria mais esquisita se estivesses a sorrir
Tudo isto é uma brincadeira, vamos lá ver pra onde vai
Seja, de qualquer maneira, sou teu avô, não sou teu pai
Adeus, até à próxima