Quinto Andar
Fraco e Franco
[Verso 1: Caio Neri]
Já tô cansado de quem acha que me toca
Que bisbilhota e faz da minha vida uma fofoca
Acha que me sufoca e que me deprime
Infelizmente nos meses minha virtude se comprime
Causando, ou pelo menos tentando modificar
Quem sabe, sabe
E se controla ao caminhar
Tropeça, mas sempre levanta de seus deslizes
E não vive de passado por cópias de releases
Mas tudo bem, eu nunca vou sair do trilho
Eu não preciso ter sucesso nos meus estribilhos
Já que netos e filhos seguem os seus ancestrais
Eu trago o verso mais desconcertante do que artes marciais
E não me importo se minha rima te invade
A etiqueta da rua é o respeito e a amizade
No fato em que fatos causam boatos
O meu controle vem sempre de acordo com seus meros atos
Então fica no gelo, pois o Elo eu represento
A rima é rara, e no momento esbanja talento
Mesmo ao relento me atingir nunca foi fácil
Mais do que nunca, desempenho de um modo ágil

[Verso 2: Lumbriga]
Ao imaginar o que seria de mim se não fossem as fases
O que seriam das minhas letras se não fossem as frases
Que mudam o sentido do texto que fazes dando sentido as crases
Cartazes de reconhecimento no aeroporto
Eu quase morto de cansaço, ouvindo Quasimoto a cada passo
O compasso do coração dispara
Em direção ao espaço criado por Rima Rhara
Que não foi esquecido
Pensei ter enlouquecido por ter vencido mesmo sendo o mais fraco e franco
Não me atraco no braço com ninguém, então tá branco
Banco o troxa pra não entrar em conflito
Cê acha que isso é bonito? Para!
Não sou eu que vou falar de vergonha na cara
Cheguei a conclusão de que é cada um por si
Concluir nem dá mais, ganhar ou perder já tanto faz
O que era bom ficou pra trás
Queria que minha última rima terminasse em paz
[Verso 3: Pitzan]
Sorriso sem aviso esboçado no rosto antes triste
Me torno aquele que mesmo sem motivo aparente insiste
Ao oferecer distração ou diversão
Em outros momentos informação do que acontece
Trazendo de volta a vida o que perece, nem agradece, não é necessário
Pois eu já disse qual é o meu retorno
A rima é cru, em estado bruto, sem adorno pra ficar bonita
E notarem a sua presença mais do que da Anita
Tá aí na net pra baixar, gravar em CDR ou em fita
A reprodução deixa o som mais sujo
Agradável ao meu sistema audível, acústico nada sensível
A sensibilidade e beleza da música
Embora um dia tudo se desenvolva
Com o processo que a evolução envolve
Da mesma forma que quem não se esconde do problema, um dia obviamente resolve
É o que eu espero um dia saber admirar
A descoberta e lapidação de um sample com alma
Que em conjunto com a voz do MC, liberta, diverte e acalma
Me cura do trauma, abre a fechadura da jaula
Eu sei que quem me odeia escondido vai exibir suas vaias
E os que estão um passo a frente no processo vão preferir suas palmas

[Verso 4: Gato Congelado]
É raro seguir o passo do laço que enforca a frase
Com quase eu não me contento, eu sei
Eu só não quero irritar vagabundo falando que sigo o certo do errado
Do futuro, passado ou presente
Me expressar de forma abstrata mesmo que o tempo tenha se esgotado
Não ligo se tô atrasado na base , ela que me acompanhe
Eu tô cansado, cansado comigo mesmo
Pergunto e respondo, não sou rei de porra nenhuma
Pra mandar e desmandar no mundo que ameaça a vida como um papel riscado
Rei de porra nenhuma, impressionados com isso?
Porra nenhuma, pra quê mais?
Aqui jaz um homem que sabe amar e ser amado
Fazer rap ciente que pelos parente não será ignorado
Carregar consigo a certeza de respeitar e ser respeitado
É raro mesmo que não pareça orgulhoso em ser chamado de Gato
Congelado