Xará
Ordem de Despejo
[Introdução - Colagem]
Irá seu dever sagrado reinar de acordo com esse código
E nosso nome ecoar
Onde quer que esteja ele

[Verso 1: Kamau]
Aperto SS, o elevador desce
Eu fico pouco aqui, o porteiro nem me conhece direito
Mas sabe que eu não sou visitante
Eu conto cinco, nem me parece distante
Já não é como antes, nem tem como ser
Se eu tô bem perto do chão só tenho a agradecer
Trago comigo as lembranças, não me importa o andar
Porque pra mim lar é onde minha cabeça descansa

[Verso 2: Lumbriga]
Tentei escrever mas não saiu
Não
Uma história não acaba antes do fim, então
Na-na-na-na-na-na
Alguns andares a menos nem sempre é subtração
E desde que a razão trouxe minha visão
Minha bagagem foi pro subsolo sem frustração
Me ajeito em qualquer canto, pode crer
Muita força de vontade e atitude pra viver
[Refrão]
Abaixo do solo
Além do que vejo, desocupamos o prédio
Ordem de despejo
Mudança que almejo, desejo que me carrega a outro polo
Subsolo, sub
Abaixo do solo
Além do que vejo, desocupamos o prédio
Ordem de despejo
Mudança que almejo, desejo que me carrega a outro polo
Subsolo, subsolo

[Ponte - Colagem]
Verdade, verdade
Morra, morra, morra
Lealdade, lealdade

[Verso 3: Matéria Prima]
Pela distância cresce a ânsia de tá junto no processo
Desde que fui convocado pra fazer parte do exército, no qual
Muita gente se alistou, eu sou mais um que lutou
Pra defender um ideal de ir além do que o rap já mostrou
Cenário mercenário que vive a mercê da mesmice e do tédio
Mas se quer encontrar a diferença ela mora em baixo do prédio

[Verso 4: Gato Congelado]
E antes da digestão da janta
Já to levantando na passagem sobrenome Borges
Garante que eu não to gastando meu tempo
Que eu não tô por engano
Relembrando os velhos tempos
Meus planos, meus inventos, manos
Papeis riscados, freestyles jogados ao vento
Desatento mas já destinado
Ao lado mais gelado do apartamento
Do condomínio isento, mas sujeito à mudanças de comportamento
É incrível como de repente
O céu fico cinzento
[Refrão]
Abaixo do solo
Além do que vejo, desocupamos o prédio
Ordem de despejo
Mudança que almejo, desejo que me carrega a outro polo
Subsolo, sub
Abaixo do solo
Além do que vejo, desocupamos o prédio
Ordem de despejo
Mudança que almejo, desejo que me carrega a outro polo
Subsolo, subsolo

[Verso 5: Xará]
Demorô, tu pediu, então, vai nostalgia
Quatro e pouca da manhã clareou o dia
Num vazio que o tempo cria em mim e é o seguinte
Eu tenho 27 agora e até ontem eu tinha 20
Eu vi no Quinto Andar o convite pra revolucionar
Napster ficou pequena, amigo, num dá pra negar
É tudo nosso, nem adianta vir pra me despejar
A semente tá plantada, então chora, vai brotar

[Verso 6: Pai Lua]
Ordem de despejo, prazo de retirada
A liberdade é tudo para quem não tem nada
Quem sabe me encontre descendo as escadas
Ou rindo das madrugadas e as historias engraçadas
De chapéu de palha, calça branca e sandália
Vejo culpas e desculpas ao invés de assumirem as falhas
Ocupam o espaço alheio com suas tralhas
Não discuto com canalhas
25 anos na luta e não jogo a toalha
[Verso 7: Shawlin]
Calma aí vou dizer pra você
Eu olho da ultima vez a luz entrar no quarto
No lugar da minha cama onde agora tem muito espaço
Fico lembrando das letras, das tretas, dinheiro escasso, sigo
Agora é outro planeta e outro compasso
Lembrei também das rimas, batidas, nossa galera
Me mudo com Lumbriga, com o Prima e os outros felas
Se a ordem é de despejo entrego as chaves no talento
Vamo pro subsolo e continuo a mil por cento, tá ligado

[Refrão]
Abaixo do solo
Além do que vejo, desocupamos o prédio
Ordem de despejo
Mudança que almejo, desejo que me carrega a outro polo
Subsolo, sub
Abaixo do solo
Além do que vejo, desocupamos o prédio
Ordem de despejo
Mudança que almejo, desejo que me carrega a outro polo
Subsolo, subsolo