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Emicida
Avua Besouro

[Verso 1]
Guetos, precisam de hérois
Pretos, digam, desde quando o medo existe entre nĂłs?
Peço a Ogum: Proteja meu ex-algoz
No flow, rapaz comum tem como arma sua voz
Vou cortando como laminas, seguido pelas câmeras
Causando pane nas máquinas, cantando o que a inflame
As favelas pique enxame pras vida que tĂŁo arame
Já chego no kamehameha, progresso vem das gambiarra
Sagaz, agradeço a Deus por meus ancestrais
Fazendo o que outros nĂŁo faz
Com dez vezes mais, na manga o ás, o rap em cartaz
E o mundo todo vai saber do que a gente Ă© capaz
Nasci preto sem grana num paĂ­s de terceiro mundo, vish
CĂŞ acha que eu assusto com o termo crise?
NegĂŁo, olha como chego, me concentro
No jogo, topo topo e vamo cair pra dentro
Vendo o que nem Pierre Verger viu
Sem essa de tadinho dos neguin, xiu
Aja como eu tivesse na outra ponta do fuzil
Quando cĂŞ nem lembra que meu cabelo parece Bombril
Sabe tio, Ă© sem dilema:
Algum dinheiro soluciona problema, muito dinheiro traz novos problemas
Ligeiro o pique o passo do Flash Dance
Faço rima os verme some, igual jato da Air France
Ou o padre do balĂŁo, Ă© coisa arcaica
Mas some mesmo igual P.O Box ou Beto Jamaica
EntĂŁo me mira mas me erra
Se nĂŁo vou ter que te mostrar com quantos favelados se faz uma guerra
Mixtapes de mĂŁo em mĂŁo pelas esquina
Se alastra entre os irmĂŁo mais que a gripe suĂ­na
Os gambé quer mais não pode me pôr algema
CĂŞs esperavam que eu roubasse tudo, menos a cena
[RefrĂŁo]
Já é hora do jogo virar, a nosso favor né?
Faça o favor zé, pras rima trincar
NĂŁo sai pra rua se nĂŁo sabe brincar, morĂ´?
Já é hora do jogo virar, disposto, na sede
Meu caso Ă© grave, eles quer sacudir as rede
Eu vim pra arranca a trave

[Verso 2]
Guetos precisam sair do vermelho
Ter cabelo duro e achar foda quando olhar no espelho
Sem pagar pra capitĂŁes do mato, que como cĂŁes
NĂŁo passam, de lacaios do sistema que desrespeita mĂŁes
Ainda ouço as chicotadas, o esquisito
É que silenciaram seus gritos
Rap tem mó respeito, mas tá sumido
Tipo a GlĂłria Maria das tela
EntĂŁo, e aĂ­ favela
TĂ´ pra honrar camisa
NĂłiz vai falar pra quem concorda ou pra quem precisa?
Contrariar a meta imposta pelas pesquisa
Realmente bater de frente, tombar divisa
Acima da média, algemas ou rédias em pauta
A cota hoje é fazer preza, eu faço falta
Respeito o choro se for violĂŁo, pandeiro e flauta
E a linha da miséria já me pareceu mais alta
RepĂłrteres me chamam de fenĂ´meno, eu amo
Mas a rua sabe que eu sou sĂł mais um mano
Consegue me ver e se ver no plano
Trampando pra caralho, sem pegar um atalho, e aĂ­, tio, vamo?
Rap toca nas passarelas da Gisele
Mas se não for favela não dá certo, tipo Ronaldo com a Cicarelli
Rola, até que o mais real se revele
Aposentando os falso que põe pra cantar os Pirelli
Ganha dinheiro pra sair do mafuá
Se mantem verdadeiro pra aguentar cordão de ouro e os patuá
Os tesouro vĂŁo chegar
Vai, Besouro, tá na hora de avuar
[RefrĂŁo]