Estraca
Alma
[Intro]
Estraca

[Verso 1]
Maria da Assunção Ramos, Lisboa 31 anos
Encontrou o homem perfeito e juntos fizeram planos
Casamos e ultrapassamos, lutamos e conquistamos
Ontem cega no amor e hoje presa nos enganos
Há 5 anos casada, trabalha como empregada
O marido virou monstro na linda história encantada
Mulher aterrorizada, violada, escravizada
Onde o beijo de bom dia do nada virou pancada
Na cama não tem prazer mas passa obrigada a ter
Com medo a temer, se entrega só para o satisfazer
Sozinha vive a sofrer, sempre tentado esconder
Vai vivendo no silêncio, sem coragem para dizer
"Chega", sempre pensava, coragem não encontrava
Esperança depositava que aquilo um dia passava
Mas ali nada mudava, violência continuava
Mais xutos e pontapés porque o jantar não prestava

[Refrão]
Alma ai! Minha alma
Diz-me quem eu sou
Alma ai! Minha alma
Diz-me para onde vou
[Verso 2]
Marido no sofá sentado, Porto e Benfica empatado
No final o resultado, a mulher com olho inchado
Nas costas cinto marcado e negras por todo o lado
Ela grita, ela chora e no espelho vê o seu estado
Um dia o braço partiu, com tanto que ele agrediu
E ao ser interrogada com medo diz que caiu
Obrigada, ela mentiu, "tudo bem" ela fingiu
Na rua mostra o sorriso de sentimento vazio
Mulher nem fala só chora, seu coração colabora
Com a dor que está la dentro avistada cá por fora
E só de pancada, agora pensa que ninguém lhe adora
Vai sofrendo dia a dia, esperando que chegue a hora
Homem fraco e nojento, fala em arrependimento
Mas as coisas só pioram com todo o passar do tempo
O teu mundo está cinzento, o teu choro é argumento
Nunca morras de silêncio fruto desse sofrimento

[Refrão]
Alma ai! Minha alma
Diz-me quem eu sou
Alma ai! Minha alma
Diz-me para onde vou

[Outro]
Quando saio de ao pé de mim, eu sou mar
De outras terras, de outras gentes que não vi
O meu canto é o meu sonho
Não morreu, meu amor
Meu amor eu sou povo
Sou mais longe do que eu