Uno Consultório
Última Consulta
[Verso 1: Cevas]
A cada sample usado são
Remixes que pretendem
Demonstrar que os produtores em
Batidas também sentem
Nestes [distintos?] sacrifícios
E remisturas
A vida é uma reciclagem
Quando na terra te misturas
E toda a dor reservada
Vai ser merecida
Na vida quando julgas o outro
Desconheces a Ida
Na volta foi suicida
E ainda vives no mesmo loop
Habitua-te sozinho p'ra saberes viver em grupo
Ocupa o lugar p'ra falar muito então pensei mais curto
No surto
Chegar ao entendimento do mеu próprio vulto
Resulta ao aceitar o meu dеstino
Que vem no script
Que foi escrito
A olhar as estrelas antes de existir Egito
Sofrer sem resolver o conflito interior
Vai-te levar ao mesmo sítio de vício destruidor
Aceita o teu percurso para o próximo ser vindouro
Talvez na vida seguinte vivas sem angústia e ouro
[Verso 2: TILT]
(Juro que amanhã vou para o trabalho com uma caçadeira)
Sempre fui oco, [soco?] flui noutro
Canal de peixe morto
Besta carnal, naval, mas o mal é que beijo pouco
Meto o punho em vez dos dedos mas há leis de louco
Que quando quebradas tens um enterro grátis
Eu fui dos mais sedentos a querer ver um oásis
Nem que uma miragem fosse
Porque mártires de garganta seca
Cantam o mesmo sonho
Ele a que me curvo, já cheguei ao cúmulo
Minha boca é túmulo, coração é poço
Atiraram para lá corpos, mas tu nem ouves
Não há impacto no infinito
Negro como o universo [que eu estico?]
Com o que tenho escrito
Termino esta consulta com:
Esta merda não resulta
A não ser que me dês um tiro na nuca
[Verse 3: Uno]
Cabeças espalhadas, no génio por aqui
O que eu hei de ter a mais que o oxigénio que respiro?
'Tá tudo dito? Não! Outro surto assumido
Onde há rico há um ladrão
Maluco veio-se divertir
É um pretexto para ficar amigo
Vê lá se arriscas
Dá-me um aperto de mão se não ouviste a minha mix
Lê a palma, são linhas criativas
E não leves em conta o que a adivinha disse
Uma consulta é tipo a hipótese de teres um filho
E haverem dez pais que podem sempre levar ao centro educativo privado onde giro privates
(hoje o jogo é ver quem caga mais p'ra quem ganha...)
Lar doce lar
Transformar isto num manicómio
De som pesado
Mas ninguém fica bem por cá
Cada um infeta um canto
E vamos reencontrar
[Verse 4: Benny Broker]
Nada-me entretém
Alguma cena me tem
Entretanto, ou tão pouco, entrarei num estado de desconforto
Por 'tar farto de tudo e todos
Muito e pouco
Futuro misterioso
E a única coisa que tenho é uma certeza:
Foi a olhar p'o presente que vi no futuro que vou ter uma surpresa
Boa ou má
Vou ao mar
Viver é como olhar para o sol
E ver que [é louco?] estraga os olhos
Um dia vou voltar ao solo
E vou ser ração
Dos neurónios da Terra
Com concentração
[?]
Todos temos razão
Se vens com multas nem dou troco
Isto são conversas de malucos
Em consultas sem doutor
Condenados com fundos, bom fumo
Todos pedrados
Não confundes nem [?] o som luso que hoje trago
Sem luzes quando pensas
Canetas escrevem, mas logo
São uma cabeça de erva em Marrocos
Fui feito pr'ás batidas
[Verso 5: Eliot]
Drogas, álcool putas
Mil desculpas
P'ra chegares à track e não dizeres porra nenhuma
Eu digo: "Morram com honra"
Ou então curem-se
A aterragem pode causar tonturas
Abrir asas, loucura
Uma sanidade pura não é lutar
Aventura-te a enfrentar a tua realidade crua
Educa-te, não sou recruta
Mete o capacete e tira a piruka
Engraçado, tu és como quem tu julgas
Quanto mais sobes sabes que não há
Como dar a fuga
Tranco-me dentro do bunker
Criar um álbum para usá-lo
Como alavanca
E desbloquear essa cabeça dessa merda
Que para aqui anda
Não sou robô de carne humana
Sou um pouco de arte urbana
Loucos, há quem lhes chame (quem lhes chame)
O rap é quem [nos ama?]
[Verse 6: Rott]
Filha da puta, caralho
Que é esta merda? Foda-se
Minha conduta, avacalho
Festas, ervas loucas
[poetas mas das outras?]
Sabias?
Queres? Eu dou-tas
Querias!
Tenho é poucas
Não dá nem p'ra dois dias
Tira as manias
As máscaras, azias
Ásperas, se pedes menos mais te trazem
Exijo é de ti rapaz, voo
EasyJet vim na paz
Morro, quando minto sou queimado
[?] corvo aleijado
Solto num mundo tão louco
Quanto o outro que eu larguei
No dia em que vi esgoto
Nunca mais de lá bazei
Passei, na pele e provoquei
Muita comichão, aos que estão
Cá no meio
Rott, rott tá [nu bai?]
Hydrophonic na casa
Hip-Hop salivei
Vou p'ra casa
Peace!