Uno Consultório
Planos a meio
[Verso 1: Uno]
Simultaneamente aqui e a colar noutro ponto qualquer
Sempre mais longe do que estou à espera
Um momento, algo me interpela
Tirar as lâmpadas e pôr as velas
Como é que eu digo isto sem parecer ridículo?
A minha confiança é sensível
Ainda bem que ninguém quer acabar comigo
Não é fácil desabafar sendo a causa do teu estrilho
Toda a gente dizia que me ajudava se eu pedisse
Não pedi
Dependia de mim (bora)
Mas facilitar custa
Ler tudo e assinar sem perguntas já borrado de culpa
Pensamento à balda na merda que eu respiro
Tanto ser racional como vivo mas dividido em cada escolha
Em criança isto tinha mais piada
Agora dizem-me “pensa rápido” e não me atiram nada
Tempo a parar, quase nunca aproveito
Tenho um plano, bato de cornos com a lei e vou abortando
Vês-me bem? Estás-me a sentir distante?
Foi neles que eu fiquei
Estado de vigília, objectivo pequeno
Ganda filme pô-lo em cena e um final em aberto
O que faço é o que sou
Deixei alguns planos a meio
De mim ficou metade e o mundo aumentou
[Verso 2: João Pestana]
E o senhor captou?
Planeava ser o epicentro do aumento
Mas tudo sem mim mudou
Pera ai que já lá vou, aguenta um bocado que já faço
Náo há tempo, nem vontade, nem recursos
Tá escasso
Desde puto que não concluo
Metade das fases que passo
Meio rapper, meio poeta, meio punk, meio palhaço
Mas completo sorriso ao ver o mundo a arder
Seu eu planeasse isto nunca iria acontecer
Man
Regava tudo de gasolina e não trazia a ignição
Ou queimava me a mim próprio
Sem a chama tocar no cháo
Do caos à paz, do sereno à confusão
Caminho personalizado pelo pé que toca no chão
De plano em plano furado até o meio ser conclusão
De nike em nike cansado por demasiada utilização
Tão bem que sabe vaguear um bocado
Depois de ter cagado em tudo do presente e do passado
Bazei de casa e na passada o resto tá trancado
Passei por precaução meti mais um cadeado
Das cinzas ao pó e da merda a tudo o resto
O plano é não ter plano sem ser o manifesto, honesto
Desde a partida no partido certo
A improvisar maneiras de vir a rebentar com o tecto