[Letra de "Primavera Fascista 2" com Bocaum, Noventa, Mary Jane, Souto MC, Axant, DK 47, VK MAC, Akilla & Dudu]
[Intro]
Lógico que é filho meu, pretendo beneficiar um filho meu, sim, pretendo
A campanha acabou pra imprensa, eu ganhei. A imprensa tem que entender que eu, Johnny Bravo, Jair Bolsonaro, ganhou porra, ganhou porra!
'Cê tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de homossexual
Eu sou imbrochável!
Anteriormente, antecedeu um jovem progressista do lado de lá falando sobre quebrar a placa da Marielle Franco, "eu quebrei a placa da Marielle Franco uma vez e quebraria mais trinta se necessário"
[Verso 1: Bocaum]
Discurso pro seu gado na frente do Planalto
Histórico de atleta, racismo é seu esporte
Conseguiu se eleger enganando todo o povo
Disparando fake news do gabinete do filhote
Milico safado, fugiu do debate
Caiu Sérgio Moro, seu elo mais forte
Tá desmoronando, se diz imbrochável
Nem segura a pica do seu próprio golpe
Jair é com J de Judas
Você não é Messias, se olha no espelho
Seu genocida, oitava praga
Com rio de sangue deixou o Mar Vermelho
Seu super ministro te delatou
Seu tiro no pé ’cê deu na TV
Não passa batido seus ato' nazista
Porque 80 tiro é bem difícil de esquecer
Lidamos com peste, com praga, com crise
Na nova era, combate ao COVID
Eu 'tô vendo esses verme cair um por um
Só falta o que na presidência reside
Na Primavera eu tentei avisar
Dois anos depois, vim pra te derrubar
Você e seu gado que você carrega
Eu não bato continência pra esse capitão de merda
[Verso 2: Noventa]
Nove
Nada do que eu fale traduz o ódio que eu sinto
Não só de você, mas também de tudo e todos que tu representa
E todos que votaram em você, ou que não votaram em ninguém
Têm sangue nas mãos, diz como que tu aguenta?
De uma burrice que extrapola a inteligência humana
Tão demoníaco que insulta a vida mais profana
E os gados que ficam à sombra pra esconder seus próprios males
Não tenho outra palavra além de mau-caráter
O ódio bate mais que a bad, a paty com seu iPad
Parte pra sua party em tempos de pandemia
Afinal, é o que o presidente pede
Em 2018 ou ’17, em 2020 ou '19, o povo só retrocede
Um favelado rico incomoda muita gente
Uma mulher preta no governo incomoda muito mais
Mais de dois anos que Marielle foi assassinada
E 'cês falar que não descobriu nada chega a ser piada
Seria cômico se não fosse trágico e cômico, irônico
Como esse palhaço é icônico pra vocês?
58M voto orgânico elegeu
A voz do povo nunca foi a voz de Deus
A representação de todo ódio de todo burguês
A distorção de qualquer discurso que Jesus já fez
Igreja fazendo arminha? Raça de víbora
E se Jesus voltasse, 'cês matavam bem antes dos 33
[Interlúdio 1: Damares]
Atenção, atenção
É uma nova era no Brasil
Menino veste azul e menina veste rosa
Meu esposo, moço, pai de família
Eles não pediram a gente pra parar
O povo do quartel, eles metralharam
Eu vi que o meu esposo tava baleado, eu saí com meu filho
Ele ria do meu marido
[Verso 3: Mary Jane]
Se diz enganado, mas geral foi avisado
Que além de machista, era safado
Não faz o desentendido, ligações Telegram com o tal do ministro vendido
Na Esplanada chama acordo que é feio falar arrego
Vão achar que são bandido
Cargo comissionado, pera, eu vou chamar meu filho
Ele é perito no Twitter, criador de fake news
Juro que aprendeu comigo e tudo que escrevem, sempre foi tudo eu que disse
Pra fechar o STF, é o soldado, um cabo
Pra pacificação no morro, só manda os blindado'
Eles fala que nós tamo' no mesmo barco
Só que tu tá num iate e nós tá num bote furado
Por isso que tem revolta, por isso que a mídia choca
A dor de quando morre um preto, toda mãe preta que chora
O grito do momento, vidas negras importam
Depois de tantos anos, 'cê foi entender agora?
Ou só quis entender agora, na verdade, pela mídia
'Cê até finge que se importa, porra, preto não é moda
[Verso 4: Souto MC]
Abriu a Caixa de Pandora no Brasil
Há quem se choque, há quem se apavore e há quem sempre viu
Quem sempre se serviu de um sistema vil
Que nos mata e nos apaga, séculos a fio
Com o mesmo perfil de quem vem de navio
Que descobriu? Não, o certo é quem invadiu
Persuadiu e perseguiu
Tentando extinguir, mas olha bem, ’cês não conseguiu
Em salas fechadas, Salles que passam boiadas
Males que vivem há décadas, matando mata e vales
E o que eles analisa, nossa vida, quanto vale?
Se seu sobrenome é Silva ou se é sócio da Vale
Vetando o máximo pra quem pede o mínimo
Votaram no extermínio por fissura ou por fascínio
De uma volta à ditadura pros gringo ter o domínio
520 ano e, no comando, os mesmos assassinos
[Interlúdio 2]
A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional
Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional
E será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo
Ou então não será nada
Ou então não será nada
Ou então não será nada
[Verso 5: Axant]
Dois anos depois, olha o resultado
Governo classista na mão desse bosta
Esse nepotismo vai ser derrubado
KKK é seita, rajada é resposta (Rrrrá)
Fala de Jesus, mas tá fazendo aposta
Pra ver quantos corpos a bordo de um camburão lá da favela desce
O vírus que mata mais é sua ignorância
Quem apoia um genocida, a história nunca esquece
Morte de inocente, faixa etária: treze anos
Não consigo respirar, eles caça a pele escura
João tá presente, Kauan tá presente
Maria presente, a morte vem de viatura
País tropical que não gosta de preto
Vou cobrar tudo que ’cês apropriaram
Plantaram o caos e 'tão colhendo morte
Culpa desse verme que vocês votaram (Que vocês votaram)
Consigo ver o que seu olhar revela
Racista pegando fogo é descanso de tela
Vou lutar nem que o destino seja uma cela
Esse discurso nazista não vai me calar (Não, não, não, não)
[Verso 6: DK 47]
Dizem que eu não oro pela alma dos inimigo
Mas antes de dormir, eu ajoelho e sempre rezo
Que na sombra da morte suas almas agonizem
E peço pra que queimem lá no fogo do inferno
A primavera é fascista, mas eu me encarrego
De ser frio e calculista, me chamam de inverno
Que unido nós tá forte, melhor nem tentar a sorte
Porque se bater de frente, seu azar é certo
Pra esse governo genocida eu dou meu dedo médio
Tacar fogo em racista é o melhor remédio
E os deputado’ preocupado' fazem chamada de vídeo
Pra decidir se seu filho volta pro colégio
'Tô olhando as igreja' virando comércio
Um monte de gang, gang, só que de evangélico
Não entende o privilégio de ser burguês do Brasil
E ’tão batendo panela do alto do prédio
É mulher sofrendo assédio aqui o tempo todo
Tem milhões de George Floyd morrendo no morro
E no Alphaville, é "não pisa na minha calçada"
E na favela, é "seu polícia, não pisa no meu pescoço"
"Eu não te estupro porque você não merece"
"Auxílio-Moradia só serve pra comer gente"
"O COVID vai matar? E daí? Não sou coveiro"
Foi esse merda que vocês elegeram pra presidente
Sikêra Júnior merecia era perder os dente'
Aí, Datena, tu é um sujo, votou 17
Apoiou o miliciano que enche o cu de cloroquina
Fica igual adolescente tretando na Internet
[Interlúdio 3]
A Cidade de Deus?
E se fosse com autorização da ONU e outros lugares do mundo, nós tínhamos autorização pra mandar um míssil naquele local e explodir aquelas pessoas
Dez militares foram presos hoje por envolvimento na morte de um músico em Guadalupe, que fica na Zona Norte do Rio de Janeiro
O carro dele foi fuzilado com oitenta tiros
[Verso 7: VK MAC]
VK!
Mano, eu vou entrar na sua casa, vou quebrar tudo
Assim do nada, matar seu filho
E talvez nem assim você entenda sobre o racismo (Não!), sobre a favela (Não!)
Esse terror que chamamos de vida real, yeah (Yeah!)
Toda hora a mesma história
Perco meu tempo com você, mais um morrendo agora
Como afirmar que é ele mesmo que faz essas notas?
Convencê-los de que isso é uma marmita, não é droga, yeah
Oitenta tiros pra furar sua bolha
Essa faixa é muito pouco pra falar
Que você não sabe porra nenhuma do que se passa
Nessa sua perspectiva um por andar
'Cês continua lambendo bota de militar (Ayy)
Fala só quando é conveniente militar (Ayy)
Sabe o pior disso tudo? Seguimos vivendo um inferno no inverno
Porque desde a primavera, não nos devolveram o ar (Ayy)
E eu vou acreditar em quê?
Só nos meus irmão' que 'tão na pista sem sorte
Os donos da guerra contra o tráfico garantem que ele exista
Mas no final, não somos só fantoches (Yeah)
Na mão dessa porra de liderança (Uh)
Pra vocês, tiro, porrada e bomba (Uh)
Já que nunca escutam de outra forma
Não morro junto com minha esperança (Não, hey)
[Interlúdio 4]
Era pra esse país tá pegando fogo
[Verso 8: Akilla]
Yeah, dói na classe caucasiana ver subúrbio no close
Agora querem a cabeça do MC Poze
É pelo sonho de João Pedro e mais um império de preto
Aumenta o dólar que a população nós vamo' ter que armar
O mesmo Akilla de Louvre com o mesmo pavor de cana
Mesmo com nariz de preto, eu não consigo respirar
Um avião transporta trinta e nove quilo de cocaine (Oh)
Se não tem nenhum preto, a coca' vai no cu de quem? (Ahn?)
Meu temor pela vida não nasce com a pandemia
Meu temor pela morte é o chiqueiro da polícia
Agora todo mundo é Black Lives Matter, tu era Black Lives Matter
Antes de viralizar a tal hashtag?
Branco esconde, porém preconceito fede, sua memória branca esquece
De Ágatha, do George Floyd e Marielle
Deram pólvora pra porco adestrado atirar em mim (Prr, prr)
"Mãe, por quê que esse homem atirou em mim?" (Ayy, ayy)
E segue assim, clima normal, pô, a mídia é o palco
A presa quer predador, assim cresce o índice de recrutamento pra vapor
Ditador, militar amador
Ovelha desinformada segue o voto e as ordens dos pastor
Dói na classe caucasiana ver subúrbio no close
Basta observar a cor dos maiores (Oh, oh)
O distanciamento racial te faz atravessar a rua
Muito antes do COVID-19 (Preto)
[Verso 9: Dudu]
Quando a piada é vocês, é engraçado, né? (Eu acho)
Segurança tá me olhando, me conhece? (Ahn?)
Pediu pra eu me retirar, 'cê tá tirando?
E antes que atire mesmo, conheça seu novo chefe
Para de piada, seu filha da puta
Tira a máscara e me fala onde que o Truman tá
Trinta e nove quilos no presidencial luxo e jogaram o Rafa no lixo
A frase é essa e ponto, o resto eu nunca precisei falar
Envolvido até o cu com milícia (Yeah)
E os gado' em direção à churrasqueira 'tão achando uma delícia
Eu não confio em denúncia
Não quando a mão que bate o martelo acoberta os crimes que acusa
Sem frase de efeito, eu sei; minha vida importa, eu sei
Bem antes dessas hashtags
Policiais alvejam adolescentes nessas ruas
Mas ninguém ligou pra isso
Aplaudindo nazista filha da puta
Expondo vítima sem pagar o preço
E se for pra cadeia, sempre tem preço
E minha tia chora sem fiança ao ver meu primo ser preso
Tá achando que é só piada, né? Então corra antes que nós te sequestre
De onde eu venho é só ódio, então agradeça o rap
Que se eu não tivesse aprendido a lutar com essa força
Nós já 'tava no seu CEP, mas que se foda, até breve
Vou reforçar o estereótipo
"Tinha que ser preto", põe no meu diagnóstico
E pau no cu de MC que se isenta quando o assunto é política
'Cê nasceu pra cantar pop, 'cê ainda quer agradar crítica? Yeah